quarta-feira, dezembro 13, 2006

HEDONISMO (José A. Pimentel)

Hedonismo (Dicionário Houaiss): "doutrina filosófica que encara o prazer e a felicidade como bem supremo. Dedicação ao prazer como estilo de vida."

Eu li em um dos livros do Ruy Castro que, ainda mais legal do que unir o útil ao agradável, é unir o agradável ao agradável. A exaltação do desfrute.

Há tempos venho ruminando sobre isso.

Conheço muitas pessoas que vão ao cinema, a boates e restaurantes e parecem eternamente insatisfeitas. Até que li uma matéria com a escritora Chantal Thomas na revista República e ela elucidou minhas indagações internas com a seguinte frase: "Na sociedade moderna há muito lazer e pouco prazer".

Lazer e prazer são palavras que rimam e se assemelham no significado, mas não se substituem. É muito mais fácil conquistar o lazer do que o prazer. Lazer é assistir a um show, cuidar de um jardim, ouvir um disco, namorar, bater papo. Lazer é tudo o que não é dever. É uma desopilação.
Automaticamente, associamos isso com o prazer: se não estamos trabalhando, estamos nos divertindo. Simplista demais.

Em primeiro lugar, podemos ter muito prazer trabalhando, é só redefinir o que é prazer. O prazer não está em dedicar um tempo programado para o ócio.

O prazer é residente. Está dentro de nós, na maneira como a gente se relaciona com o mundo.
Chantal Thomas aborda a idéia de que o turismo, hoje, tem sido mais uma imposição cultural do que um prazer. As pessoas aglomeram-se em filas de museus e fazem reservas com meses de antecedência para ir comer no lugar da moda, pouco desfrutando disso tudo.

Como ela diz, temos solicitações culturais em demasia. É quase uma obrigação você consumir o que está em evidência. E se é uma obrigação, ainda que ligeiramente inconsciente, não é um prazer.

Complemento dizendo que as pessoas estão fazendo turismo inclusive pelos sentimentos, passando rápido demais pelas experiências amorosas, entre elas o casamento. Queremos provar um pouquinho de tudo, queremos ser felizes mediante uma novidade. O ritmo é determinado pelas tendências de comportamento, que exigem uma apreensão veloz do universo.

Calma. O prazer é mais baiano.

O prazer não está em ler uma revista, mas na sensação de estar aprendendo algo. Não está em ver o filme que ganhou o Oscar, mas na emoção que ele pode lhe trazer. Não está em faturar uma garota, mas no encontro das almas.

Está em tudo o que fazemos sem estar atendendo a pedidos. Está no silêncio, no espírito, está menos na mão única e mais na contramão. O prazer está em sentir. Uma obviedade que merece ser resgatada antes que a gente comece a unir o útil com o útil, deixando o agradável pra lá.

(recebi este texto por email)

5 comentários:

Anónimo disse...

Sei que recebeu o texto por e-mail e tal, mas puxa, o texto está repleto de gerundismo, aposto que nem leu e postou, sinceramente... não ficou legal.
"estar atendendo a pedidos"

Vamos estar odiando o gerundismo!!!!



_|_

DoxDoxDox disse...

Eu gostei do texto. O gerúndio é vosso, e não me incomoda. Apenas concordo com o que se diz.

Anónimo disse...

Nossa, o artigo-assim como o texto de Chatal Thomas que o originou - é nteressantíssimo.E muito oportuno. Quanto ao gerundismo, ele se caracteriza quando é usado em lugar do futuro.Por exemplo: "vou estar mandando" em vez de mandarei, ou mesmo vou mandar. No caso do texto, portanto, está corretíssimo.

Malu Machado disse...

Oi Sabrina, Adorei o texto. Bela reflexão. Obrigada por compartilhá-lo.

FERNANDO disse...

é isso q mais acontece hj em dia, as pessoas pensam em fazer o q esta na moda, mas no fundo nao gostam realmente "daquilo", como ouvir uma musica um pouco ultrapassada, concerteza ira se preocupar com q os outros irao pensar e acaba nao a ouvindo. Tudo é assim hj em dia, infelismente.
MAS EU NUM TO NEM AI, FAÇO O Q GOSTO, USO O Q GOSTO E OUÇO O K GOSTO. SEM PENSAR DUAS VESES.