Muita Prosa
Coisa boa é prosear, não acha?
segunda-feira, outubro 03, 2011
Dia da Rabada (Eduardo Grizendi)
Foi no final de ano, naqueles dias perdidos entre o natal e o ano novo. Minha família, mulher e filhas, ficou em Minas e eu, para ganhar o pão de cada dia, voltei para enganar estes dias de trabalho.
Cheguei na Segunda-feira, e até que trabalhei razoavelmente, se considerar que viajei de ônibus e cheguei de madrugada. Ou seja, dormi em poltrona, classe econômica (não era leito, não!).
De manhã, olhei para o gato e o cachorro, que tinham ficado ali, sem ninguém praticamente de companhia. Só uma ex-empregada de meu trabalho ia todo dia dar ração para eles. O cachorro não come ração de cachorro, só de gato. O gato até que come sua ração , mas uma outra. Ou seja, é ração de gato para gato, naturalmente, e de gato para cachorro, curiosamente.
Dizer que o cachorro come ração de gato não é totalmente verdade. Ele come na falta de alguma mistura. E também come hoje, engole amanhã, mas fica enjoado cedo, cedo. E já tinha se passado quase uma semana e eu imaginava o quanto ele estava de saco cheio da ração.
Aí veio a idéia. Passei no supermercado no final da tarde e procurei por algo que ele comesse com gosto. Que tivesse carne mas também osso para lembrá-lo que ele é um cachorro. Por que não uma rabada ?.Taí, era disto que ele precisava comer.
Escolhi a rabada. Nem pequena, nem grande, era de bom tamanho. Saí triunfante do supermercado, quase 8 horas da noite. Cheguei rapidamente em casa e logo fui preparar o seu manjar. Como estava sozinho em casa, não tinha pressa, e como ele não comia algo assim, fazia muito tempo, resolvi caprichar.
Coloquei o óleo na panela de pressão e refoguei uma cebola picadinha. Talvez eu até coma um pedaço, pensei. Por que não ? Afinal, eu gosto muito de rabada. Deixei dourar a cebola. Temperei a rabada com sal e alho e coloquei na panela de pressão para dar uma tostada. E mexi daqui e dali, enquanto fervia, por fora, uma água para colocar. Coisas de cozinha, acelera a preparação, se você colocar a água já fervendo na panela de pressão.
Dito e feito. Rapidamente, começou a cheirar deliciosamente a rabada, na panela. Fui me envolvendo com o clima da rabada (clima, quer dizer, preparação, cheiro, cachorro, etc...). Abri um vinho tinto bom, californiano, da reserva de minha mulher, e fiquei aguardando ficar pronto, já convicto de que ia também comer da rabada.
A rabada finalmente ficou pronta. Abri a panela de pressão e senti que estava divina. Já tinha tomado metade da garrafa do vinho e a fome tinha apertado. Dei uma olhada pro cachorro, na área de fora, e senti que ele estava até adivinhando. Mas primeiro era a minha vez porque tinha sido eu que comprei e preparei a rabada.
Servi-me da rabada. Coloquei uns três ou quatro pedaços, dos graúdos, no prato. Fui prá mesa e comi, prazerosamente. Voltei à panela. Separei os ossos (as vértebras, para quem não sabe, pois a rabada é o fim da colina vertebral, ou seja, literalmente, o rabo da vaca- ou do boi). Afinal os ossos já são do cachorro.
Servi-me novamente, agora com pedaços não tão graúdos, mas nem por isto menos saborosos. Antes de voltar à mesa, resolvi servir os ossos da primeira leva para o cachorro. Nem olhei direto para ele, com uma pontinha de vergonha. Afinal , a rabada era para ser toda dele.
Comi a segunda leva. Continuava excelente. Tomei mais vinho. Sobrou mais ossos. E servi o cachorro os ossos da segunda leva.
Servi-me da terceira e última leva Não tinha sobrado rabada na panela, nem sequer aqueles cotocos que mesmos os maiores rabadeiros até desprezam. Comi a terceira e última leva. Tomei o último gole do vinho. E fui servir o cachorro, a ultima leva (de ossos, naturalmente), convicto que cachorro adora mesmo é osso. Osso de rabada é bom prá cachorro!
Que ceia, que nada ! Final do ano, o melhor da festa foi a rabada do meu cachorro.
domingo, outubro 02, 2011
Prazer de amar (Cristiane Campos)
Lembro-me do prazer de amar.
Uma onda de calor percorre meu corpo.
Meus pelos se arrepiam.
Abro os olhos.
Realidade.
Corpos que não se entralaçam.
Irmandade.
Vivo sem ter o prazer de amar.
quarta-feira, setembro 28, 2011
Retrato falado... Esta história, a Rede Globo perdeu... (Cristiane Campos)
segunda-feira, abril 04, 2011
segunda-feira, fevereiro 28, 2011
quinta-feira, fevereiro 24, 2011
quarta-feira, fevereiro 23, 2011
Filho Adotivo (Composição: Arthur Moreira e Sebastião Ferreira da Silva)
Eu criei meus sete filhos
Do meu sangue eram seis
E um peguei com quase um mês
Fui viajante
Fui roceiro, fui andante
E prá alimentar meus filhos
Não comi prá mais de vez...
Sete crianças
Sete bocas inocentes
Muito pobres, mas contentes
Não deixei nada faltar
Foram crescendo
Foi ficando mais difícil
Trabalhei de sol a sol
Mas eles tinham que estudar...
Meu sofrimento
Ah! meu Deus, valeu a pena
Quantas lágrimas chorei
Mas tudo foi com muito amor
Sete diplomas
Sendo seis muito importantes
Que as custas de uma enxada
Conseguiram ser doutor...
Hoje estou velho
Meus cabelos branqueados
O meu corpo está surrado
Minhas mãos nem mexem mais
Uso bengala
Sei que dou muito trabalho
Sei que às vezes atrapalho
Meus filhos até demais...
Passou o tempo
E eu fiquei muito doente
Hoje vivo num asilo
E só um filho vem me ver
Esse meu filho
Coitadinho, muito honesto
Vive apenas do trabalho
Que arranjou para viver...
Mas Deus é grande
Vai ouvir as minhas preces
Esse meu filho querido
Vai vencer, eu sei que vai
Faz muito tempo
Que não vejo os outros filhos
Sei que eles estão bem
Não precisam mais do pai...
Um belo dia
Me sentindo abandonado
Ouvi uma voz bem do meu lado
Pai eu vim prá te buscar
Arrume as malas
Vem comigo pois venci
Comprei casa e tenho esposa
E o seu neto vai chegar...
De alegria eu chorei
E olhei pr'o céu
Obrigado meu Senhor
A recompensa já chegou
Meu Deus proteja
Os meus seis filhos queridos
Mas foi meu filho adotivo
Que a este velho amparou...
segunda-feira, fevereiro 21, 2011
Viver dói (minha autoria)
que machuca o coração?
Que saudade é essa,
De um tempo que não vivi?
Que lágrimas são essas,
que me enchem de emoção?
Que olhar é esse,
que nunca percebi?
Foi-se a dor,
foi-se a saudade,
foram-se as lágrimas
foi-se o olhar...
Viver dói.
domingo, fevereiro 20, 2011
Trecho de "A festa no Céu" (Folclore Brasileiro)
A descoberta do amor (Mahatma Gandhi)
e oferece-o a quem não teve nenhum.
Agarra um raio de sol
e desprende-o onde houver noite.
Descobre uma nascente
e nela limpa quem vive na lama.
Toma uma lágrima
e pousa-a em quem nunca chorou.
Ganha coragem
e dá-a a quem não sabe lutar.
Inventa a vida
e conta-a a quem nada compreende.
Enche-te de esperança
e vive á sua luz.
Enriquece-te de bondade
e oferece-a a quem não sabe dar.
Vive com amor
e fá-lo conhecer ao Mundo.
Zumbis e Zumbidos III (Antonio Brás Constante)
sábado, fevereiro 19, 2011
O Som do Coração
Acabei de assistir o filme "O Som do Coração" (pela segunda vez). E como da primeira vez, voltei a me emocionar. O filme, que trata da história de um menino abandonado e seu amor pela música, me tocou profundamente.
Não sei se ainda terei lágrimas para assistí-lo novamente, mas recomendo. É um filme que merece ser visto e revisto, por quem tem afeto e música no coração.
sexta-feira, fevereiro 18, 2011
quinta-feira, fevereiro 17, 2011
Annabel Lee (Edgar Allan Poe - traduzido por Fernando Pessoa)
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.
Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor --
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.
E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.
E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.
Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.
Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar.
sábado, fevereiro 12, 2011
sábado, setembro 25, 2010
Sutilmente (Skank)
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe
E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti.
domingo, julho 11, 2010
Como Dizia Meu Pai (Fernando Sabino)
— Como dizia meu pai...
Nem sempre me reporto a algo que ele realmente dizia, sendo apenas uma maneira coloquial de dar ênfase a alguma opinião.
De uns tempos para cá, porém, comecei a perceber que a opinião, sem ser de caso pensado, parece de fato corresponder a alguma coisa que Seu Domingos costumava dizer. Isso significará talvez — Deus queira — insensivelmente vou me tornando com o correr dos anos cada vez mais parecido com ele. Ou, pelo menos, me identificando com a herança espiritual que dele recebi.
Não raro me surpreendo, antes de agir, tentando descobrir como ele agiria em semelhantes circunstâncias, repetindo uma atitude sua, até mesmo esboçando um gesto seu. Ao formular uma idéia, percebo que estou concebendo, para nortear meu pensamento, um princípio que se não foi enunciado por ele, só pode ter sido inspirado por sua presença dentro de mim.
— No fim tudo dá certo...
Ainda ontem eu tranqüilizava um de meus filhos com esta frase, sem reparar que repetia literalmente o que ele costumava dizer, sempre concluindo com olhar travesso:
— Se não deu certo, é porque ainda não chegou no fim.
Gosto de evocar a figura mansa de Seu Domingos, a quem chamávamos paizinho, a subir pausadamente a escada da varanda de nossa casa, todos os dias, ao cair da tarde, egresso do escritório situado no porão. Ou depois do jantar, sentado com minha mãe no sofá de palhinha da varanda, como namorados, trocando notícias do dia. Os filhos guardavam zelosa distância, até que ela ia aos seus afazeres e ele se punha à disposição de cada um, para ouvir nossos problemas e ajudar a resolvê-los. Finda a última audiência, passava a mão no chapéu e na bengala e saía para uma volta, um encontro eventual com algum amigo. Regressava religiosamente uma hora depois, e tendo descido a pé até o centro, subia sempre de bonde. Se acaso ainda estávamos acordados, podíamos contar com o saquinho de balas que o paizinho nunca deixava de trazer.
Costumava se distrair realizando pequenos consertos domésticos: uma bóia de descarga, a bucha de uma torneira, um fusível queimado. Dispunha para isso da necessária habilidade e de uma preciosa caixa de ferramentas em que ninguém mais podia tocar. Aprendi com ele como é indispensável, para a boa ordem da casa, ter à mão pelo menos um alicate e uma chave de fenda. Durante algum tempo andou às voltas com o velho relógio de parede que fora de seu pai, hoje me pertence e amanhã será de meu filho: estava atrasando. Depois de remexer durante vários dias em suas entranhas, deu por findo o trabalho, embora ao remontá-lo houvesse sobrado umas pecinhas, que alegou não fazerem falta. O relógio passou a funcionar sem atrasos, e as batidas a soar em horas desencontradas. Como, aliás, acontece até hoje.
Tinha por hábito emitir um pequeno sopro de assovio, que tanto podia ser indício de paz de espírito como do esforço para controlar a perturbação diante de algum aborrecimento.
— As coisas são como são e não como deviam ser. Ou como gostaríamos que fossem.
Este pronunciamento se fazia ouvir em geral quando diante de uma fatalidade a que não se poderia fugir. Queria dizer que devemos nos conformar com o fato de nossa vontade não poder prevalecer sobre a vontade de Deus - embora jamais fosse assim eloqüente em suas conclusões. Estas quase sempre eram, mesmo, eivadas de certo ceticismo preventivo ante as esperanças vãs:
— O que não tem solução, solucionado está.
E tudo que acontece é bom — talvez não chegasse ao cúmulo do otimismo de afirmar isso, como seu filho Gerson, mas não vacilava em sustentar que toda mudança é para melhor: se mudou, é porque não estava dando certo. E se quiser que mude, não podendo fazer nada para isso, espere, que mudará por si.
Às vezes seus princípios pareciam confundir-se com os da própria sabedoria mineira: esperar pela cor da fumaça, não dar passo maior do que as pernas, dormir no chão para não cair da cama. Os dele eram mais singelos:
— Mais vale um apertinho agora que um apertão o resto da vida.
— Negócio demorado acaba não saindo.
— Dinheiro bom em coisa boa.
— Antes de entrar, veja por onde vai sair.
Um dia me disse, ao me surpreender tentando armar um brinquedo qualquer com mãos desajeitadas:
— Meu filho, tudo que é bem feito se faz com os dedos, não com as mãos.
Tenho tido ocasião ao longo da vida de observar como é procedente este seu ensinamento. A mão é grossa, pesada, insensível. Se não fossem os dedos de nada serviria, a não ser para dar bofetadas. Os dedos são refinados, sensitivos, e a eles devemos tudo o que é bem feito e acabado: do mais requintado trabalho manual às mais complicadas operações, da mais fina sensação do tacto à mais terna das carícias.
— Se o cafezinho foi bom, melhor não aceitar o segundo: será sempre pior que o primeiro.
Como tudo mais nessa vida: uma viagem, uma mulher: não repetir, pois a emoção jamais será a mesma da primeira vez. E não desanimar, pois se nascemos nus e estamos vestidos, já estamos no lucro. Nada neste mundo é cem por cento perfeito. Se contamos com mais de cinqüenta por cento, também já estamos no lucro. Quando conseguimos o que é apenas bom, naturalmente devemos continuar aspirando o melhor, se possível - mas perfeição absoluta, só Deus. E creio que Seu Domingos, homem íntegro, reto e temente a Deus, hoje em Sua companhia, não consideraria sacrilégio comentar, naquele seu jeito ladino:
— E assim mesmo, olhe lá...
Seus conselhos eram de tamanha simplicidade que tinham a força de provérbios nascidos da voz do povo: nada como um dia depois do outro, um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar, tudo tem seu tempo. Fosse ele influenciado por leituras piedosas, poderíamos mesmo detectar, aqui e ali, vestígios de inspiração bíblica: tempo de semear, tempo de colher...
— É o que nos acontece.
Há uma diferença sutil entre admitir que as coisas são como são, não como deviam ser, e reconhecer que é o que nos acontece. Aqui, o comentário não pretendia refletir a impossibilidade de modelar (com os dedos) os fatos de acordo com a nossa vontade, mesmo que esta esteja certa. Exprime antes a humilde aceitação da nossa precária condição humana, como frágeis criaturas de Deus. Procura se solidarizar com a desgraça alheia, como a dizer que também estamos sujeitos a ela, somos todos irmãos na mesma atribulação. É o que nos acontece.
Portanto, alegremo-nos! Uma amiga minha, que não o conheceu, busca nele se inspirar quando afirma, sempre que se vê diante de algum contratempo:
— Antes de mais nada, fica estabelecido que ninguém vai tirar o meu bom humor.
Acabei levando esta disposição de minha amiga às últimas conseqüências: o mais importante é não perder a capacidade de rir de mim mesmo. Como Cartola e Carlos Cachaça naquele samba, às vezes dou gargalhadas pensando no meu passado.. . E cada vez acredito mais no ensinamento recebido não sei se de meu pai ou diretamente de Confúcio, segundo o qual há várias maneiras de realizar um desejo, sendo uma delas renunciar a ele. Como adverte outro sábio, se desejamos obstinadamente alguma coisa, é melhor tomar cuidado, porque pode nos suceder a infelicidade de consegui-la.
Tudo isso que de uns tempos para cá vem me vem ocorrendo, às vezes inconscientemente, como legado de meu pai, teve seu coroamento há poucos dias, quando eu ia caminhando distraído pela praia. Revirava na cabeça, não sei a que propósito, uma frase ouvida desde a infância e que fazia parte de sua filosofia: não se deve aumentar a aflição dos aflitos. Esta máxima me conduziu a outra, enunciada por Carlos Drummond de Andrade no filme que fiz sobre ele, a qual certamente Seu Domingos perfilharia: não devemos exigir das pessoas mais do que elas podem dar. De repente fui fulminado por uma verdade tão absoluta que tive de parar, completamente zonzo, fechando os olhos para entender melhor. No entanto era uma verdade evangélica, de clareza cintilante como um raio de sol, cheguei a fazer uma vênia de gratidão a Seu Domingos por me havê-la enviado:
Só há um meio de resolver qualquer problema nosso: é resolver primeiro o do outro.
Com o tempo, a cidade foi tomando conhecimento do seu bom senso, da experiência adquirida ao longo de uma vida sem maiores ambições: Seu Domingos, além de representante de umas firmas inglesas, era procurador de partes — solene designação para uma atividade que hoje talvez fosse referida como a de um despachante. A princípio os amigos, conhecidos, e depois até desconhecidos passaram a procurá-lo para ouvir um conselho ou receber dele uma orientação. Era de se ver a romaria no seu escritório todas as manhãs: um funcionário que dera desfalque, uma mulher abandonada pelo marido, um pai agoniado com problemas do filho — era gente assim que vinha buscar com ele alívio para a sua dúvida, o seu medo, a sua aflição. O próprio Governador, que não o conhecia pessoalmente, certa vez o consultou através de um secretário, sobre questão administrativa que o atormentava. Não se falando nos filhos: mesmo depois de ter saído de casa, mais de uma vez tomei trem ou avião e fui colher uma palavra sua que hoje tanta falta me faz.
Resta apenas evocá-la, como faço agora, para me servir de consolo nas horas más. No momento, ele próprio está aqui a meu lado, com o seu sorriso bom.
(Publiquei esta crônica em homenagem ao meu amor, que assim como seu Domingos, tem sempre uma palavra sábia e conserta tudo o que vê pela frente! Ah! E não anda sem sua caixa de ferramentas...)
quinta-feira, julho 01, 2010
Um tempo para nascer e um tempo para morrer;
Um tempo para matar, um tempo para curar as feridas;
Um tempo para chorar e um tempo para rir;
Um tempo para espalhar pedras, um tempo para juntá-las;
Um tempo para procurar e outro para perder;
Um tempo para rasgar e outro para coser;
Um tempo para amar, e um tempo para odiar;
terça-feira, junho 29, 2010
domingo, junho 27, 2010
Expressões gaudérias (Domínio Público)
• Agarrado como carrapato em culhão de touro.
• Apertado como rato em guampa.
• Assanhada como solteirona em festa de casamento.
• Atirado como interesse de viúva.
• Aumentar como barriga de prenha.
• Bater mais que brigadiano na mulher.
• Brilhar como ouro de libra.
• Bueno como namoro no começo.
• Buliçoso que nem mico de viúva.
• Cair bem como chuva em roça de milho.
• Calmo que nem água de poço.
• Cara amarrada como pacote de despacho.
• Causar alvoroço que nem mata-mosquito em convento.
• Chiar como uma locomotiva no cio.
• Cobiçada como anca de viúva nova e bonita.
• Comer mais que remorso.
• Como tosa de porco: muito grito e pouca lã.
• Contente como cusco de cozinheira.
• Contrariado como gato a cabresto.
• Dá mais que pereba em moleque.
• De boca aberta que nem burro que comeu urtiga.
• Devagar como enterro de a pé.
• Dormir atirado que nem lagarto.
• Dormir que nem sapo morto estirado nos arreios.
• Encardido como peleia de caudilho.
• Encordoado como teta de porca.
• Enfeitado como bidê de china.
• Engraçado como gorda botando as calça.
• Esfarrapado que nem poncho de gaudério.
• Espalhar-se como pó de mangueira em pé de vento.
• Esparramado como dedo de pé que nunca entrou em bota.
• Esperto que nem gringo de venda.
• Extraviado que nem chinelo de bêbado.
• Faceiro como mosca em rolha de xarope.
• Feia como mulher de cego.
• Feliz que nem lambari de sanga.
• Fino e comprido como pio de pinto.
• Firme que nem prego em polenta.
• Frouxo como peido em bombacha.
• Furioso como gato embretado em cano de bota.
• Gordo e lustroso como gato de bolicheiro.
• Gosmento como cuspida de bêbado.
• Grosso como rolha pra poço.
• Grudado como bosta em tamanco.
• Judiado como filhote de passarinho em mão de piá.
• Louco como galinha agarrada pelo rabo.
• Mais à vontade que bugio em mato de boa fruta.
• Mais alto que cavalo de oficial.
• Mais amontoado que uva em cacho.
• Mais angustiado que barata de ponta-cabeça.
• Mais apertado que nó de soga em dia de chuva.
• Mais apressado que cavalo de carteiro.
• Mais arisca do que china que não quer dar.
• Mais assustado que véia em canoa.
• Mais atirado pra trás que pica-pau em tronqueira.
• Mais atirado que alpargata em cancha de bocha.
• Mais atrasado que bola de porco.
• Mais baixo que vôo de marreca choca.
• Mais bonita que laranja de amostra.
• Mais branco que perna de freira.
• Mais caro que argentina nova na zona.
• Mais ciumenta que mulher de tenente.
• Mais complicado que receita de creme Assis Brasil.
• Mais comprido que esperança de pobre.
• Mais comprido que suspiro em velório.
• Mais conhecido que a reza do padre-nosso.
• Mais conhecido que parteira de campanha.
• Mais curto que coice de porco.
• Mais delgado que cachaço emprestado.
• Mais demorado que enterro de rico.
• Mais desconfiado que cego que tem amante.
• Mais difícil que nadar de poncho.
• Mais duro que pau de preso.
• Mais eficiente que japonês na roça.
• Mais encolhido que tripa grossa na brasa.
• Mais enfeitado que burro de cigano em festa.
• Mais enfiado que cueca em bunda de gordo.
• Mais engraxado que telefone de açougueiro.
• Mais enrolado que lingüiça de venda.
• Mais entravado que carteira em bolso de sovina.
• Mais escandaloso que relincho de burro chorro.
• Mais faceiro que gordo de camiseta.
• Mais faceiro que guri de bombacha nova
• Mais fácil que fazer falar um rádio.
• Mais fechado que baú de solteirona.
• Mais fedorento que arroto de corvo.
• Mais feio que indigestão de torresmo.
• Mais fino que assobio de papudo.
• Mais firme que catarro em parede.
• Mais forte que peido de burro atolado.
• Mais gostoso que beijo de prima.
• Mais grosso que cintura de sapo.
• Mais importante que o irmão da rapariga do cabo.
• Mais inútil que buzina em avião.
• Mais inútil que mijar em incêndio.
• Mais ligado que rádio de preso.
• Mais ligeiro que tainha de açude.
• Mais linda que camisola de noiva.
• Mais magro que guri com solitária.
• Mais medroso que cascudo atravessando galinheiro.
• Mais metido que piolho em costura.
• Mais nervoso que anão em comício.
• Mais nojento que mocotó de ontem.
• Mais perdido que surdo em bingo.
• Mais perfumado que mão de barbeiro.
• Mais pesado que pastel de batata.
• Mais prestimosa que mãe de noiva.
• Mais quieto que guri cagado.
• Mais sério que guri mijado.
• Mais triste que último dia de rodeio.
• Mais usado que pronome oblíquo em conversa de professor.
• Mais vaidoso que guri em chineiro.
• Mais velho que mijar em arco.
• Pelado que nem sovaco de perneta.
• Pior que a filha casar com nordestino.
• Que nem carro de funebreiro: só leva.
• Que nem serra elétrica, não pode ver pau de pé.
• Quem revela a fonte é água mineral.
• Sofrer como joelho de freira na Semana Santa.
• Solito como galinha em gaiola de engorde.
• Tranqüilo e sereno que nem baile de moreno.
• Virar-se mais que minhoca na cinza.
• Vivo como cavalo de contrabandista.
sexta-feira, junho 18, 2010
In memorian
José Saramago
segunda-feira, junho 14, 2010
segunda-feira, maio 31, 2010
Caso de Injustiça (Saulo de Albuquerque)
Está evidente que a tal da "insubordinação mental" do rapaz não foi um desrespeito, mas uma reação legítima à restrição estapafúrdia do professor quanto ao mérito que este mesmo, livremente, já consignara. O mestre agiu com a pequenez dos falsos benevolentes, que gostam de transformar em favor pessoal o reconhecimento do mérito alheio. Protestando contra isso, movido por justa indignação, o jovem discípulo deu ao mestre uma clara lição de ética: reclamou pelo que era mais justo. Em vez de envergonhar-se, o professor respondeu com a truculência dos autoritários, que é o reduto da falta de razão. E acabou expondo o seu aluno à experiência corrosiva da injustiça, que gera ceticismo e ressentimento.
A "insubordinação mental", nesse caso, bem poderia ter sido entendida como uma legítima manifestação de amor-próprio, que não pode e não deve subordinar-se à agressividade dos caprichos alheios. Além disso, aquela expressão deixa subentendido o mérito que haveria numa "subordinação mental", ou seja, na completa rendição de uma consciência a outra. O que se pode esperar de quem se rege pela cartilha da completa subserviência moral e intelectual? Não foi contra esta que o jovem se rebelou? Por que aceitaria ele deixar-se premiar por uma nota alta a que não fizesse jus?
Muitas vezes um fato que parece ser menor ganha uma enorme proporção. Todos já sentimos, nos detalhes de situações supostamente irrelevantes, o peso de uma grande injustiça. A questão do que é ou do que não é justo, longe de ser tão-somente um problema dos filósofos ou dos juristas, traduz-se nas experiências mais rotineiras. O caso do jovem poeta ilustra bem esse gosto amargo que fica em nossa boca, cada vez que somos punidos por invocar o princípio ético da justiça.
quinta-feira, julho 30, 2009
Receita de Dona Cacilda
Dona Cacilda é uma senhora de 92 anos, miúda, e tão elegante, que todo dia às 08 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada e discretamente maquiada, apesar de sua pouca visão.
E hoje ela se mudou para uma casa de repouso: o marido, com quem ela viveu 70 anos, morreu recentemente, e não havia outra solução.
Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andador em direção ao elevador, dei uma descrição do seu minúsculo quartinho, inclusive das cortinas floridas que enfeitavam a janela.
Ela me interrompeu com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um filhote de cachorrinho.
- Ah, eu adoro essas cortinas...
- Dona Cacilda, a senhora ainda nem viu seu quarto... Espera um pouco...
- Isto não tem nada a ver, ela respondeu, felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a mobília vai estar arrumada... Vai depender de como eu preparo minha expectativa.
E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo.
Sabe, eu posso passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam bem...
Ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem.
- Simples assim?
- Nem tanto; isto é para quem tem autocontrole e exigiu de mim um certo 'treino' pelos anos a fora, mas é bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em consequência, os sentimentos.
Calmamente ela continuou:
- Cada dia é um presente, e enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua Conta de Lembranças. E, aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de Lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica.
Depois me pediu para anotar:
COMO MANTER-SE JOVEM
1. Deixe fora os números que não são essenciais. Isto inclui a idade,o peso e a altura.
Deixe que os médicos se preocupem com isso.
2. Mantenha só os amigos divertidos. Os depressivos puxam para baixo.
(Lembre-se disto se for um desses depressivos!)
3. Aprenda sempre:
Aprenda mais sobre computadores, artes, jardinagem, o que quer que seja. Não deixe que o cérebro se torne preguiçoso.
'Uma mente preguiçosa é oficina do Alemão.' E o nome do Alemão é Alzheimer!
4. Aprecie mais as pequenas coisas.
5. Ria muitas vezes, durante muito tempo e alto. Ria até lhe faltar o ar.
E se tiver um amigo que o faça rir, passe muito e muito tempo com ele ou ela!
6. Quando as lágrimas aparecerem, aguente, sofra e ultrapasse.
A única pessoa que fica conosco toda a nossa vida somos nós próprios.
VIVA enquanto estiver vivo.
7. Rodeie-se das coisas que ama:
Quer seja a família, animais, plantas, hobbies, o que quer que seja.
O seu lar é o seu refúgio.
8. Tome cuidado com a sua saúde:
Se é boa, mantenha-a.
Se é instável, melhore-a.
Se não consegue melhorá-la , procure ajuda.
9. Não faça viagens de culpa. Faça uma viagem ao centro comercial, até a um país diferente, mas NÃO para onde haja culpa
10. Diga às pessoas que ama que as ama a cada oportunidade.
E, se não mandar isto a pelo menos quatro pessoas - quem é que se importa?
Serão apenas menos quatro pessoas que deixarão de sorrir ao ver uma
mensagem sua.
Mas se puder pelo menos partilhe com alguém!
"De nada vale a pena se não tocarmos o coração das pessoas."
quinta-feira, julho 09, 2009
Sobre a morte
"A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos."(Pablo Picasso)
Eu ontem soube que perdi um amigo. A dor foi imensa, intensa.
Meu coração, que já sangrava com a perda de um amor, doeu ainda mais. Como pode alguém morrer assim, de infarto, sem prévio aviso? Parecia desaforo! Morrer sem se despedir, sem dizer um até logo, só poderia ser mentira!
Um filme veio à minha mente: como nos conhecemos, como foram os momentos que passamos juntos, as risadas, os desabafos... E agora tudo acabou. Só fica o coração, doendo.... e a tristeza de saber que eu sequer disse adeus.
Será que lá, aonde quer que meu amigo esteja, ele se lembre que eu existo? Será que ele fez tudo o que tinha que fazer nesta vida? Será que demonstrou seu amor, seu afeto, seu carinho, pelas pessoas que o rodearam? Ou será que a sua vida era tão atribulada que não teve tempo de demonstrar nada disso?
Meu amigo Jonas, sentirei saudades sua, menino. Descanse em paz.
sábado, fevereiro 02, 2008
MUITA VELA PRA POUCO DEFUNTO
Apresento-lhes o livro Muita Vela pra Pouco Defunto, de autoria de João Carlos Ronca Júnior.
Li o livro e o recomendo. O autor aborda, com muita propriedade, temas que fazem parte da alma humana. O livro é tão gostoso de se ler que se torna saboroso à alma, pois nutre-nos de sentimentos que nos levam à reflexão e à mudança interior.
Ronca Júnior sabe, como poucos, dar leveza às palavras. Essa leveza faz com que nós, leitores, devoremos o livro numa "tacada", de tão prazeirosa a leitura.
Deixe sua alma mais leve... leia o livro. Segue abaixo a sinopse.
MUITA VELA PRA POUCO DEFUNTO: este livro conquistou, de vez, o coração dos leitores!
Quer uma sugestão de presente?
Ofereça cultura!!!
Presenteie com um Livro de Contos:
"MUITA VELA PRA POUCO DEFUNTO"
Histórias do cotidiano como instrumento para a reflexão
Faça seu pedido pelo e-mail: jcrconsultoria@terra.com.br
www.usinadeletras.com.br
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Descrição | |
Livro de contos com histórias do cotidiano que poderão servir como instrumento para a reflexão. O leitor poderá divisar com a leitura desde simples constatações de valores incrustados em seu coração e alma até profundas reflexões que poderão enriquecer seu modo de viver e encarar seus pais, filhos, amigos e irmãos. É um livro com temas que levarão o leitor a discutir valores e princípios de vida que muitas vezes, por serem tão óbvios deixamos passarem despercebidos no nosso cotidiano. Este livro é, sem dúvida alguma, um convite à reflexão tanto para os jovens como para os que já se consideram adultos. |
quarta-feira, outubro 31, 2007
sábado, outubro 13, 2007
Amor é síntese (Mário Quintana)
Por favor, não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu...
Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.
Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor.
segunda-feira, outubro 01, 2007
Demitiram o Gerúndio do Distrito Federal!!!
JOSÉ ROBERTO ARRUDA
(Parece piada, mas não é. Quem tiver alguma dúvida, acesse o DODF, seção I, de 01/10/07, n. 189, p. 19.)
domingo, setembro 23, 2007
Quase Nada (Zeca Baleiro e Alice Ruiz)
de você sei quase nada
pra onde vai ou porque veio
nem mesmo sei
qual é a parte da tua estrada
no meu caminho
será um atalho
ou um desvio
um rio raso
um passo em falso
um prato fundo
pra toda fome que há no mundo
noite alta que revele
o passeio pela pele
dia claro madrugada
de nós dois não sei mais nada
se tudo passa como se explica
o amor que fica nessa parada
amor que chega sem dar aviso
não é preciso saber mais nada
sábado, setembro 22, 2007
Banda Batalá - Brasília (DF)
Criada em 1997 pelo baiano Giba Gonçalves, a batucada BATALA surgiu na França, com o objetivo de formar pessoas na arte da percussão, reunindo cerca de 50 músicos interpretando os ritmos afro-brasileiros do Samba Reggae.
Com a formação de multiplicadores, foram realizadas oficinas de dança e percussão, que auxiliaram na difusão do grupo BATALA, que se espalhou por outros países da Europa, como Inglaterra, Bélgica e País de Gales. Hoje, existem grupos estabelecidos nestes países que participam constantemente de eventos culturais, festivais e "carnavais" de rua.
No ano 2000, o brasiliense Paulo Garcia foi responsável pela criação do grupo na Inglaterra, e em 2003, já de volta ao Brasil, criou um grupo BATALA em Brasília, seguindo a mesma proposta de utilizar oficinas como forma de atrair novos participantes, mas com o diferencial de ser formado apenas por mulheres. Hoje o grupo conta com mais de 160 mulheres, de diferentes faixas etárias, da qual tenho a honra de fazer parte.
sexta-feira, setembro 21, 2007
- Tenho tanto sentimento
- Fernando Pessoa, 18-9-1933
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.